Da primeira vez que enviou o artigo sobre Sérgio Moro, e devidamente publicado aqui no blog (A imprensa e seu herói), ele assinou. Nosso misterioso e qualificado colaborador voltou, agora para tratar da polêmica a respeito das alternativas financeiras como estratégia de enfrentamento da crise.
Cenário desolador
PROJEÇÕES de analistas financeiros e do próprio Banco Central apontam o PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda nacional) com encolhimento de 4,1% em 2020, na melhor das hipóteses. O fechamento da década esse ano – período 2011/2020 – acumulará crescimento de risíveis 1.9%.
Nessa esteira, a década que termina agora em 2020 terá menor expansão do PIB da historia num comparativo com as doze últimas décadas e, nossas reservas internacionais, adquiridas em 2004, quem diria, é que poderá nos salvar.
Olhando pelo retrovisor, não identificamos nada parecido na história documentada do país. Na chamada década perdida – 1981 a 1990, a economia teve crescimento de 16,9%, em meio à disparada da inflação e a calotes da dívida.
O declínio da economia é um fato, conforme revelado em excelente artigo na Folha de São Paulo assinado por Ricardo Barboza (nem de longe pensem que é o daqui, o escritor é Barboza com Z, de ZELOSO, o deputado é Barbosa com S, de SUPÉRFLUO, SURTADO), intitulado “ As perspectivas para a economia brasileira”.
É um cenário desolador. São pessoas sofrendo por falta de renda e empresas fechando por falta de crédito, sem falar, é claro, nas mortes, que, infelizmente, já somam 12.065 pessoas e 173.141 casos confirmados, conforme dados desta terça (12).
Segundo a Economist Intelligence Unit, o Brasil deve ser a economia mais afetada pela Covid-19 em uma amostra de 19 países. De fato, faz sentido que o estrago seja maior aqui.
O Brasil não tem apenas um problema de saúde afetando negativamente a economia. Temos também um presidente que resolveu acrescentar uma crise política ao cenário já turbulento. Nesse contexto, o que deveríamos esperar como reação de política econômica?
Segundo o Ministério da Economia, em nota recentemente divulgada, a magnitude das medidas fiscais no Brasil estaria em linha com a média internacional. Comparações desse tipo nunca são muito precisas, mas, tomando o fato como verdade, há um problema sério relacionado à implementação dos programas.
No documento citado, quantifica-se o volume por meio de medidas anunciadas. Anúncios, contudo, nem sempre se transformam em medidas efetivas. Por exemplo, o programa de empréstimo do governo para pequenas empresas pagarem folha salarial, com orçamento de R$ 40 bilhões, tem sido um fracasso. Até agora, desembolsou somente R$ 400 milhões, ou 1% do total previsto.
O que poderá nos salvar é a irrigação do mercado por meio da venda de ativos das nossas reservas em moeda estrangeira, 340 bilhões de dólares em números hodiernos.
Na crise de 2008/2009, o que amenizou os efeitos nefastos na economia foi a venda pelo BC de US$ 14,5 bi para fomentar o mercado de câmbio em meio à crise detonada pela quebra do banco Lehman .
Afinal de contas para que nos serve uma poupança se outra utilidade não for usá-la nos momentos de dificuldades?
Nunca é tardio revitalizar a memória dos esquecidos de que esses recursos, majoritariamente – US$ 260 bilhões – foram adquiridos em 2004.
Uma máscara de proteção de brinde para quem adivinhar no governo de qual PRESIDENTE.
Manuel Duarte – pseudônimo