O ex-juiz que condenou Lula, dando o primeiro passo para excluí-lo da eleição de 2018, e depois virou ministro de Jair Bolsonaro, parece que começou a enxergar alguns problemas em ações da Polícia Federal que antes de sair do atual governo parecia incapaz.
Sérgio Moro criticou hoje, em entrevista concedida à Rádio Gaúcha a politização das investigações da PF.
— O trabalho sempre foi feito normalmente, mas é ruim tentar se politizar essas investigações da PF. Isso deveria ser evitado — disse ele.
Quem acompanha as opiniões e ações de Sérgio Moro desde que ele era juiz da Lava Jato, percebe que a saída sua saída do atual governo fez milagres na percepção sobre o papel das instituições.
No caso da Polícia Federal, quantas prisões ilegais e conduções coercitivas, vazadas com antecedência para o registro espetaculoso da mídia aliada da Lava Jato, o ex-juiz autorizou, sem nunca ter registrado uma única palavra crítica aos abusos cometidos entre 2015 e 2018?
Quem não se lembra que Sérgio Moro resolveu visitar a sede da PF, em João Pessoa, no dia do julgamento do Hebeas Corpus concedido pelo ministro do STJ, Napoleão Nunes Maia, pelo pleno do tribunal. A intenção de pressionar politicamente o STJ foi explícita demais, mas de nada adiantou, porque o Brasil já tinha cansado das artimanhas do ex-juiz da Lava Jato.
Fora da magistratura e do governo, Moro agora está preocupado com uma prática que ele mesmo começou. Ele abriu a Caixa de Pandora e pode ser engolido pelos males que ajudou a liberar.