Que ninguém se engane: o medo dos adversários pela candidatura de Ricardo Coutinho a prefeito de João Pessoa é tão grande que os palanques da eleição de 2020 ainda não se formaram à espera por uma definição do ex-governador.
E esse é apenas um detalhe desse enredo burlesco,que seria digno dos picadeiros caso o circo não merecesse nossas melhores considerações. O ano já avança para setembro, com a eleição marcada para novembro, sem que uma mísera pesquisa de opinião tenha sido divulgada sobre a situação eleitoral de João Pessoa.
E os motivos você pode imaginar. Eles tem a ver tanto com os interesses de um governador sem líderança e cercado de gente desqualificada e sem projeto de estado, a não ser as mesquinharias de sempre, como de uma imprensa que esqueceu faz tempo o que é jornalismo.
O governador que resolveu trair seu eleitorado, entregando-se nos braços da oposição, menos de dois meses após ter assumido o cargo. Não por acaso, seus principais interlocutores hoje foram seus adversários em 2018: Cícero Lucena, ex-tucano, ex-cassista, é hoje fiiado ao PP do deputado federal Aguinaldo Ribeiro e da senadora Daniela Ribeiro, dois dos representantes mais legítimos do familismo oligárquico paraibano, ambos eleitos no palanque da oposição dois anos atrás.
Aguinaldo Ribeiro é um dos líderes do Centrão no Congresso e pertemce ao PP o novo líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR).
Isso se deve a outro fato notório. A liderança de João Azevedo, tão rasa quanto os leitos dos riachos, a ponto de não ter ele um único candidato para chamar de seu em nenhum dos municípios estratégicos do estado. Daí a necessidade de apoiar candidatos de outros partidos para tentar evitar o mal maior, que seria a eleição de Ricardo Coutinho. Ou seja, para impedir a volta à política de RC, que lhe foi quem deu de presente a cadeira de governador, João Azevedo está disposto até a fortalcer a candidatura de Daniela Ribeiro, candidatíssima ao governo em 2022.
“TORCIDA” PELA INEGEBILIDADE DE RICARDO
Não se sabe o motivo pelo qual o staff do governador se reuniu ontem à noite para acompanhar a reunião do Tribunal Superior Eleitoral que julgou recurso de um processo que foi rejeitado por unanimidade pelo TRE-PB.
Segundo uma fonte, até fogos e comes e bebes para durar uma noite inteira de comemoração foram comprados, como se o desfecho do caso já fosse esperado. A Secom já tinha até preparado a matéria que faria circular, em ordem unida, pelos portais e blogs de sempre, anunciando o resultado da sessão e a inegebilidade de Ricardo Coutinho.
A noite prometia para João Azevedo e Nonato Bandeira.
Mas… O problema é que no Brasil pós-Lava Jato as coisas não mais tão simples como eram quando Sérgio Moro mandava nas instituições do país. Bastou que o advogado de Ricardo Coutinho, Fernando Neves, esclarecesse aos ministros os principais pontos do processo, para que o castelo de cartas da aliança Cássio-João Azeveto novamente desabasse.
Neves desmontou ponto por ponto os argumentos da acusação, sobretudo as razões pelas quais o governo à época (2014) foi obrigado a contratar de servidores, todos amparados pelas excessões da lei e por evidente interesse público, como fazer funcionar hospitais recém-inaugurados.
Tanto que após a exposição de Fernando Neves, um pedido de vistas foi solicitado e o relator pediu para ler seu voto em outra sessão, já prevendo uma forte polêmica. E o julgamento não continuará nas sessões que acontecerão essa semana, como foi anunciado pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, já que a pauta das sessões de quinta e sexta já marcadas foram publicizadas. E só na sessão de sexta, 49 processos serão apreciados.
O toque de humor do jornalismo movido à fake news foi a pressa dos mesmos setores da nossa imprensa que, cheios tanto de ansiedade quanto de preguiça, cuidaram logo de anunciar que o julgamento continuaria na quinta. Na certa, não assistiram a sessão.
Ou seja, a indefinição sobre as alianças na eleição de João Pessoa vai durar um pouco mais.
Coragem, senhores, coragem. O mago vem aí.