Roberto Paulino foi nomeado chefe de gabinete do governador João Azevedo no início do mês de julho e já tentou mostrar serviço.
Em meio às discussões geradas pela conversa do senador Veneziano Vital do Rego com o ex-governador Cássio Cunha Lima, Paulino foi escalado pela Secom estadual para uma entrevista no ultra-governista Correio Debate.
Na entrevista, Paulino tenta jogar água no chopp de uma possível candidatura de Veneziano, deixando claro que, em 2022, a vez é de do chefe atual:
“Uma candidatura própria é o ideal para todo partido; até defendi muito no tempo de Zé Maranhão. Mas, agora, o MDB tem outra perspectiva de poder: Veneziano é o nome para ser trabalhado para 2026”, disse Paulino.
Não chega a ser surpreendente a posição de Roberto Paulino a julgar pelo cargo que ele hoje ocupa, mas é sempre bom lembrar o histórico de proximidade entre os Paulino e os Vital do Rego.
Não é só isso. Paulino sabe que, para Veneziano, as condições daqui a cinco podem ser completamente distintas, a começar pelos adversários – o vazio de grandes lideranças hoje na disputa pelo governo estadual é marcante, – e pelo quadro de desarranjo político dos partidos, que provavelmente estará novamente arrumado.
Além disso, tem a condição do próprio Veneziano. Em 2026, o ex-cabeludo não poderá arriscar-se numa disputa como pode fazer agora, já que, em caso de derrota, ficará sem mandato. 2022 pode ser a chance da vida de Veneziano para se tornar governador da Paraíba – certas situações não costumam se repetir.
A retórica de Roberto Paulino está dentro do script e sua motivação é evidente demais para ser levada a sério. Ou seja, todo mundo sabe que, por mais que o MDB esteja todo acomodado no governo João Azevedo, quem manda no partido hoje é Veneziano Vital do Rego, que é senador, e tem a mãe como colega de Senado e o irmão ministro do TCU.
Na hora H, tudo deve se ajustar. Mas, se for o caso de Roberto Paulino confrontar uma possível candidatura de Veneziano dentro do MDB, será o caso de perguntar, parafraseando o que disse Stálin ao ministro da França, Pierre Laval, em 1935: quantas divisões tem Roberto Paulino para enfrentar essa guerra?