O sempre antenado em bem informado Fabiano Gomes deu o furo e foi o primeiro a revelar a inusitada viagem de férias do governador João Azevedo, isso, como ele lembrou, “em meio à crise que sacode seu bunker político, no momento crucial de definição de alianças, e sem sequer fechar sua chapa majoritária”.
O governador viaja na próxima quarta (13) ao lado de Ronaldo Guerra, seu fiel escudeiro e principal conselheiro político.
Estranho, não? O circo pegando fogo nas hostes governistas, onde, faz tempo, ninguém se entende, com cada um abraçando seu projeto individual e sem ligar a mínima para o projeto de reeleição de João Azevedo, a não ser declarações protocolares de apoio ao dono da chave do cofre, e o governador resolve jogar tudo para o alto e curtir 15 dias de férias na Europa.
Sem falar dos problemas administrativos, que são muitos.
No dia 22 de fevereiro, publiquei aqui no blog um texto intitulado “João Azevedo começa a dar sinais de que pode desistir da reeleição” (clique aqui para ler). Destaco dois trechos abaixo:
(…) difundir a fake news de que a Federação é quem vai decidir sobre quem vai ser o candidato a governador na Paraíba é só mais uma tentativa de evitar reconhecer uma derrota estratégica, estendendo artificialmente um debate que imobilizará a base de João Azevedo, e não impedirá que Veneziano Vital e Ricardo Coutinho comecem a percorrer juntos o estado.
Essa atitude [sobre a candidatura de Veneziano] só é reveladora do medo que João Azevedo tem de enfrentar essa poderosa aliança entre PT e PMDB, entre Veneziano Vital e Ricardo Coutinho. João Azevedo e seu séquito temem, sobretudo, o julgamento que o eleitor fará do seu governo, que será exposto na campanha sem os caros cosméticos comprados pela Secom que disfarçam a feiúra de uma administração raquítica, frágil, anêmica de realizações. Na campanha, a administração de João Azevedo será mostrada ao eleitorado sem filtros e o que surgirá será a imagem viva de um largo retrocesso político e administrativo promovido pelo governador nos últimos quatro anos.
O parágrafo final
Eis a verdadeira face política de João Azevedo. Abraçado ao conservadorismo mais tacanho, e fazendo uma administração medíocre, o governador se vê cada vez isolado, sem discurso e cada vez mais sem força política para reverter uma derrota que, a cada dia, se torna mais previsível.
Em resumo, a crise atual na candidatura de João Azevedo não foi gerada internamente, mas externamente. Desde que Veneziano se lançou candidato com o apoio de Lula e do PT, e com Ricardo Coutinho como candidato a Senador, os planos de João Azevedo de vencer a eleição por WO, ou seja, de concorrer à reeleição sem enfrentar candidatos competitivos, foi por água abaixo.
Aguinaldo Ribeiro se recusa a lançar sua candidatura, mesmo não havendo mais o obstáculo Efraim Filho, por absoluta falta de votos e liderança. E talvez por não acreditar no petencial eleitoral do seu companheiro de chapa, João Azevedo.
Para agravar tudo ainda mais, João Azevedo não tem um vice que lhe permita disputar o eleitorado de Campina Grande, quando terá de enfrentar dois candidatos a governador campinenses.
A viagem de João Azevedo pode ser um último lance para forçar a unidade do seu grupo político, mas dificilmente esse impasse será superado pela razões esboçadas acimas.
Resta a hipótese da desistência da candidatura à reeleição. Não deve escapar a João Azevedo que ele assumiu por quatro anos o mais alto posto político-administrativo da Paraíba, e sem fazer um mínimo de esforço. Para quem sempre foi um obscuro tecnocrata, virar governador e entrar para nossa história política vai muito além das expectativas de qualquer um, não é mesmo?
Se for isso mesmo, ele está coberto de razão.