Notei um diagnóstico comum a respeito da crise na base política de João Azevedo em pelo menos dois programas de política transmitidos a partir do meio-dia (Arapuan e Correio): o governador deixou ir longe demais os desarranjos políticos do seu governo e precisa restabelecer a ordem, mesmo à custa da perda do apoio do Republicanos – “para ganhar ou para perder”, foram os termos usados por Lázaro Farias, na Correio.
Gutemberg Cardoso, na Arapuan, chegou a comparar o Republicanos ao Centrão no Congresso e ironizou suas lideranças dizendo que duvidava que o partido tivesse coragem de romper com o governo.
Nos dois casos, a conclusão é de que a autoridade política de João Azevedo sofre uma rápida erosão e que, caso o governador não deixe claro que é ele quem dita os rumos da montagem da chapa majoritária, o barco governista pode afundar. E, se for o caso, o Republicanos será o braço a ser cortado.
Para desalento de muitos, entretanto, o governador continuou a agir balançando ao sabor das ondas provocadas por seus aliados em guerra. Numa entrevista concedida em Campina Grande, hoje (veja acima), o governador foi perguntado sobre a participação do Republicanos na chapa. Ele desconversou dizendo que iria discutir, mas adiantou que a nova opção de Aguinaldo Ribeiro, que trocou, unilateralmente, a indicação da vaga de senador pela indicação do vice, é “ponto pacífico, e essa não é uma questão mais a ser tratada“. Segundo João Azevedo, Aguinaldo tomou uma “decisão pessoal” e “decisão pessoal não se discute”, ou seja, o que Aguinaldo Ribeiro decidiu está decidido. E ponto final. Não adianta o Republicanos reclamarem.
Incapaz de mostrar qualquer firmeza na condução desse processo, João Azevedo deixou claro que não existe prazo para a resolução do impasse, apesar de estarmos a apenas 46 dias para o prazo final para a realização das Convenções partidárias, que é 5 de agosto, e cada dia que essa paralisia se prolonga, mais as inquietações aumentam. O medo e a covardia são mesmo paralisantes.
João Azevedo finalizou sua declaração lembrando que Hugo Motta tem “boa índole”, mas não vai aceitar “grito dos Republicanos” – esse direito está reservado só a Aguinaldo Ribeiro – e que saberá dizer não quando chegar a hora.
João Azevedo deu essas declarações ao lado – pasmem! – do patriarca da família Ribeiro, Enivaldo Ribeiro, que na semana passada disse que o Republicanos fazia “negociata” com João Azevedo. Aliás Enivaldo Ribeiro protagonizou, agira ao lado do governador, outra uma cena, dessa vez hilária e constrangedora ao mesmo tempo, ao se recusar a responder duas pergunta do jornalista Arimatéa Souza.
Veja:
Enfim, com já ficou óbvio, João Azevedo não cansa de oferecer demostrações de suas preferências de alianças. Na última sexta-feira, ele esteve à tarde com o vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, em Areia, e à noite, dessa feita, em Bananeiras, com o próprio Aguinaldo Ribeiro.
Com duas facas em cada lado do pescoço, a única coisa que João Azevedo deixou claro é que não tem a menor ideia de como sair da cova em que se meteu.